the singing lesson

"The Singing Lesson" saiu pela primeira vez no Brasil em tradução de Erico Veríssimo, como "A lição de música". O conto foi publicado na revista A Novela, da Livraria do Globo, em seu primeiro número, em outubro de 1936.


garden party

para a festa ao ar livre, visite aqui.


contos escolhidos

as traduções de "a festa ao ar livre", "a vida de ma parker", "a aula de canto", "euforia" (sim, para "bliss" escolhi mesmo "euforia"), "psicologia"
e "o canário" estão prontas.

faltam "the stranger", "prelude", "the doll's house" e "the fly". devo terminar até meados do mês.




imagino que todos estes contos já tenham sido traduzidos. não cheguei a consultar outras edições, salvo algumas traduções de "bliss" disponíveis online. mas sei que há bastante coisa entre nós. abaixo, algumas capas:






mansfield tradutora

Eu tinha comentado aqui que Virginia Woolf traduziu alguns livros do russo, em parceria com um exilado russo, Koteliansky: ele ia traduzindo como podia e ela colocava em bom inglês.

Sua amiguinha Mansfield também fez o mesmo tipo de parceria com Koteliansky. A obra traduzida a quatro mãos foram as Reminiscences of Leonid Andreyev, de Maxim Górki, publicada em 1922 numa pequena tiragem de 750 exemplares:



Outro autor traduzido por Mansfield, em 1917, foi Alphonse Daudet com "La chèvre de M. Séguin", que saiu na revista New Age.como "Mr. Séguin's Goat".


bliss II

Gustave Klimt, A árvore da vida, detalhe


Para bliss, estou boa de ficar com "euforia" mesmo.


a coletânea

A coletânea a ser publicada pela L&PM traz dez contos. São eles:

1. quatro de The Garden-Party:
  • "The Garden-Party"
  • "The Life of Ma Parker"
  • "The Singing Lesson"
  • "The Stranger"
2. três de Bliss:
  • "Prelude"
  • "Bliss"
  • "Psychology"
3. três de The Dove's Nest:
  • "The Doll's House"
  • "The Fly"
  • "The Canary"


bliss I



Although Bertha Young was thirty she still had moments like this when she wanted to run instead of walk, to take dancing steps on and off the pavement, to bowl a hoop, to throw something up in the air and catch it again, or to stand still and laugh at – nothing – at nothing, simply. 
What can you do if you are thirty and, turning the corner of your own street, you are overcome, suddenly by a feeling of bliss–absolute bliss!–as though you'd suddenly swallowed a bright piece of that late afternoon sun and it burned in your bosom, sending out a little shower of sparks into every particle, into every finger and toe? . . . 
Oh, is there no way you can express it without being "drunk and disorderly" ? How idiotic civilisation is! Why be given a body if you have to keep it shut up in a case like a rare, rare fiddle?
Apesar de seus trinta anos, Bertha Young ainda tinha momentos como este, quando sentia vontade de correr em vez de andar, de dançar pela rua e pela calçada, de rolar aro, de atirar alguma coisa para o alto e pegar de novo ou de ficar parada rindo de... de nada, só rindo, simplesmente.  
O que você pode fazer se tem trinta anos e, virando a esquina da rua de casa, é tomada de repente por um sentimento de júbilo - absoluto júbilo! - como se de repente tivesse engolido um naco brilhante daquele sol de final de tarde e ele te ardesse no peito, mandando uma chuvinha de faíscas para cada partícula, para cada dedo da mão e do pé?... 
Ah, não existe maneira de expressar isso sem estar "bêbada e tresloucada"? Como a civilização é idiota! Por que ter um corpo se é para ficar fechado numa caixa feito um violino raríssimo?

"júbilo" não me satisfaz muito. mas uma das razões de minha resistência em adotar "êxtase" - embora sob certos aspectos possa render bem, melhor do que felicidade, penso eu - é que as vontades que sente bertha young ao ser tomada por essa sensação de euforia, logo no início do conto, são todas bastante infantis, nada que me evoque muito um enlevo, um arrebatamento, um... êxtase, justamente.

há quem acentue o lado erótico do conto e veja também o aspecto do êxtase amoroso, seguido de uma espécie de delíquio. confesso minha dificuldade em aceitar essa interpretação. não consigo perceber nenhum arroubo extático, seja de tipo erótico ou místico, nessa vontade repentina de correr, de brincar, de jogar alguma coisa, de rir à toa. vejo mais aquela alegria plena e gratuita - neste trecho apresentada até como meio boba e infantil - que todos nós sentimos às vezes, de fato se irradiando por todo o corpo, como descreve KM. que bertha young aqui apareça simples, pueril e meio ingênua, bem, nem por isso seu sentimento de - vamos lá - euforia é menos vital.

quanto ao sobrenome, young, já foi apresentada a interpretação de que remete à jovialidade que sente bertha - ainda que possa ser plausível, soa um pouco trivial, a meu ver.

atualização em 17/5/13: michel marques, a quem agradeço, avisa muito bem avisado que "drunk and disorderly" se refere a uma expressão do direito penal (public intoxication, nossa "embriaguez em público").

no brasil






a primeira tradução de bliss entre nós foi a de erico veríssimo, que saiu pela livraria do globo em 1940.
o título é felicidade e traz todos os contos de bliss and other stories:



os outros contos são: O dia de Mr. Reginald Peacock; A Evasão; Nuvem de Primavera; Psicologia; Je ne Parle pas Français; Feuille d'Album; A Jovem Governanta; Seu Primeiro Baile; A Lição de Canto; O Vento Sopra; Sol e Lua;. Revelações; Prelúdio.

o título

bliss é difícil de traduzir: uma grande alegria, um profundo contentamento, uma sensação de beatitude e bem-aventurança, um êxtase, um arrebatamento, um intenso bem-estar e prazer.

temos cinco traduções do conto no brasil: erico veríssimo usou "felicidade" (1940); ana cristina césar escolheu "êxtase", tradução disponível aqui (c.1980); edla van steen e eduardo brandão optaram por "infinita felicidade" (1984); julieta cupertino ficou com "felicidade", tradução disponível aqui (1991), bem como maura sardinha, tradução disponível aqui (1993). já aurora bernardini certa vez apresentou sua preferência por "beatitude".

se nossa linguagem mais corrente não viesse se aplainando tanto, eu usaria "júbilo", aquele intenso sentimento de alegria de viver que toma
a pessoa de corpo e alma.

a primeira edição





bliss foi originalmente publicado em 1918 na edição de agosto da english review. a primeira edição em livro saiu pela editora londrina constable em 1920, numa coletânea de catorze contos chamada bliss and other stories.

os demais contos são "prelude", "je ne parle pas français", "the wind blows", "psychology", "pictures", "a man without a temperament", "mr. reginald peacock's day", "sun and moont", "feuille d'album", "a dill pickle", "the little governess", "revelation" e "the escape".

a edição americana de 1922 pela alfred knopf está disponível aqui.



a pereira em flor

no caso, aqui, em fruto: gustav klimt